Chinatown Lisboeta - tudo a um eulo!!!

Ontem, no Diário de Notícias, Maria José Nogueira Pinto chamou a atenção para a necessidade de Lisboa ter a sua Chinatown, a exemplo, diz ela, das «várias cidades do mundo, cidades dignas desse nome, todas com a sua chinatown.»

Primeira reacção: Ahahahahaha! Gargalhada sonora! E mais me ri quando vi, no telejornal, que o melhor local para a dita Chinatown era a Baixa-Chiado, pois revitalizaria o comércio local... Segundo a senhora, as lojas chinesas que infestaram o nosso país surgiram «como um upgrading, uma manifestação prática da globalização enxertada no nosso quotidiano. Disseminadas por toda a cidade, com uma enorme variedade de produtos, preços imbatíveis e horários alargados, tornaram-se a resposta para a crise económica que atinge, agora, outros estratos sociais.»

Credo... eu vivo numa pequena cidade com pouco mais de 18 mil habitantes... há cerca de 10 lojas dos chineses e ainda um restaurante... AHHH! Vivo numa chinatown e ninguém me dizia nada!!!

Agora a minha opinião acerca da estapafúrdia sugestão da Sra. Nogueira Pinto... Essa TIAZONA que JAMAIS entrou numa loja dos chineses porque tudo o que lá há demasiado reles e barato, vem agora defender todo um complexo de lojas dos chineses na baixa lisboeta? Já estou a ver o Marquês de Pombal ladeado por dois foo dogs chineses, daqueles dourados (ou seja, o upgrade dos nossos cães de loiça)... E o Terreiro do Paço? Que lindo que vai ficar cheio de lanternas chinesas!!! E porque não substituir os quiosques por pagodes chineses e vender os jornais todos a "um eulo"?

Sinceramente... a revitalização da zona tem de ser feita com pés e cabeça! Integrar essas lojas, sim, mas com modos! As chinatown por todo o mundo ocidental nasceram por causa do racismo, assim como as "little italy" e os bairros negros. Daqui a nada sugere a criação de uma "ucranianotown" com loiras de lábios encarnados chamadas Tetiana Rabonova a servir aos balcões e os Iuris Onatopp pendurados nos andaimes...
Posto isto, fica a pergunta no ar:
Não será isto, por um lado, voltar ao racismo que criou o conceito, e por outro, limitar as nossas escolhas relativas ao comércio às lojas dos chineses?

Fica aqui a opinião... Bom fim de semana!!!