A vida anda. Anda, desanda, gira e torna a girar, sempre, sempre sem parar. Esbocem-se sorrisos, chorem-se lágrimas, ela não pára. Com borboletas na barriga, nós na garganta, sapos engolidos. Com burros dados na água, com cansaço de morte. Com viagens até onde Judas perdeu as botas ou de arraiais assentes no cu de Judas. Pasmados, aborrecidos, emocionados, enfadados, apaixonados, odiados, amados. Parados ou andando, o mundo gira, a vida não pára. A vida feita de beijos trocados e por trocar. A vida feita de fases que são sempre más, ou que pelo menos nunca são tão boas como poderiam ser. A vida vivida num sempre desejar o que não se tem, num sempre querer estar onde não se está, numa constante busca pelo impossível. Amado ou odiado, libertado ou amordaçado, não! A vida não pára. Até que um dia... surpresa! E não é que a vida, que nunca pára, a mesma contra a qual rogámos tantas pragas, aquela que passava tão devagar e tão depressa, aquela vida, a nossa, que nunca é ou nunca f