across the universe
Ontem ao sair do trabalho cruzei-me contigo de carro. Acenei-te mas tu não reparaste em mim, provavelmente tinhas mais trabalho à tua espera em casa e o tempo urgia.
A caminho de casa não pude deixar de sentir uma certa nostalgia do nosso passado recente. Ganhávamos muito mal mas o que fazíamos dava-nos tempo livre a horas bastante estranhas, o que nos permitia passar uns bons bocados juntas, à mesa do café, falando, rindo, desabafando e às vezes mesmo chorando… Tive saudades de nós, com poucas responsabilidades e problemas menos preocupantes. Quando tínhamos tempo para esses cafezinhos, para blogar, para libertarmos juntas o nosso “lado esquerdo”, desconhecido para os restantes comuns mortais. Tive saudades quando efectivamente desperdiçávamos o nosso tempo sendo apenas nós próprias.
A vida passa, muda as nossas perspectivas, obriga-nos a tomar decisões, escolher caminhos… mas felizmente não tem de nos mudar na essência de nós mesmos, e mesmo aparentando sermos outros, no fundo somos sempre os mesmos. No fundo o que nos falta é tempo e tranquilidade.
Que passe a vida, que nasçam os filhos, que se mudem os empregos, as casas, as ruas, que morram os blogues e nasçam outros projectos, que se esgote o tempo para beber café e jogar conversa fora, que se acabe o mundo como o conhecemos e amamos… mas que nunca morra esta amizade que nada mais é que uma forma de amor que me sustenta nos dias maus e me eleva nos dias bons!
A ti, deixo um beijo e um obrigada por estares sempre aí, mesmo em dias de frio e chuva. Gosto de te ler, vou ter saudades… mas ainda gosto mais de te saber perto de mim. E se gostas da música, ali fica, dedicada a ti porque “nothing’s gonna change our world” se assim o quisermos!
A todos os que ainda passam por aqui e lêm as minhas parvoíces, desejo um fantástico fim de semana!!!
“Sounds of laughter shades of life
are ringing through my open ears
exciting and inviting me
Limitless undying love which
shines around me like a million suns
It calls me on and on across the universe”
Comentários
No fundo, acho que é mesmo como escreves. Também eu tenho saudades do tempo que juntas desperdiçavamos a queixarmo-nos da falta de trabalho e dinheiro e agora que temos trabalho e dinheiro queixamo-nos da falta de tempo para desperdiçar juntas.
Também eu tenho saudades dos cafés a horas a que todas as outras pessoas trabalhavam. Também eu tenho saudades de sermos nós, sendo nós.
Agora, somos nós, aparentando sermos outras durante as longas horas de trabalho. Agora, escolhemos caminhos que antes não tínhamos oportunidade de escolher. Agora sinto saudades de rirmos e chorarmos juntas e saudades de ter tempo para o fazer.
Posso acabar com blogs, posso trabalhar horas e horas a fio, posso não ter tempo para ouvir música, não ter tempo para limpar a casa, não ter tempo para ir ao super ou corrigir aqueles testes, mas tenho sempre tempo para ti. Porque é assim que deve ser. Porque lamento as vezes que passei por ti e não te vi. Porque lamento as vezes em que falaste e não te ouvi. Porque mesmo que o nosso mundo mude, o nosso sentimento permanece. Porque amigos assim, aparecem 2 ou 3 vezes na vida. Porque mesmo que tudo caia à nossa volta, estamos cá uma para a outra. Porque, como diz outra música bem velhinha e pirosa, de António Macedo, "tu sozinho não és nada, juntos temos o mundo na mão". Desde que te tenho, nunca mais fui nada. E só tenho a agradecer-te por isso.