Para uma menina de olhos azuis

Minha linda… tenho tanta, tanta pena de não poder dar-te o presente que mereces no dia do teu aniversário. Não é porque não tenha tempo (embora não o tenha), nem porque não tenho dinheiro (porque também não tenho)… é porque não há presente no mundo que eu ache que recompense o presente diário que é a tua amizade.

É bom ter uma amiga como tu, que se dá desinteressadamente. Isto é muito difícil de encontrar hoje em dia… Tu és minha amiga apenas porque sim. Apenas porque gostas de mim. E isso, para mim, é uma incalculável riqueza.

Tenho a sorte de ter uma amiga assim… Uma mulher que se emociona com a minha felicidade como se fosse a dela (porque também é um pouco dela!) e que nunca, nunca deixou de estar presente, nos bons e nos maus momentos. 

Por isso, recupero hoje aqui o que te escrevi no ano passado e torno a oferecer-to, embrulhado com desejo de muitas felicidades e enfeitado com um interminável laço de beijocas!

Parabéns Sofia! És a minha “mana”!!!

Era uma vez uma menina
Tez alva,
Cabelo grosso e sedoso,
Olhar azul profundo.

Escondia-se por trás da mochila,
caminhava insegura, como perdida num espaço que era seu,
mas não era.

Por muito tempo essa menina
manteve-se assim -
um mistério por desvendar...

Mas com o tempo foi-se revelando,
e tudo o que lhe adivinhei na imensidão azul dos seus olhos
no primeiro dia que a vi
confirmou-se dia a dia

A capacidade de ter graça sem ser engraçadinha,
A rebeldia de quem sabe bem o que quer e como,
A generosidade desmedida,
A terrível maneira como sabe ser dolorosamente frontal
e irresistivelmente doce...

É assim que vejo essa menina,
hoje mulher... talvez menina-mulher!
Com o mesmo profundo azul a bailar-lhe no olhar...
A mesma doçura,
a mesma frontalidade,
a mesma capacidade de dar e amar...

Mas hoje já não se esconde atrás da mochila,
caminha segura,
domina os espaços, mesmo os que não são seus...
Aparentemente não sofre - é dura na defesa,
implacável no ataque.

Mas eu sei,
porque a conheço...
Sei-lhe a dor, a angústia da incerteza...
O desejo de progredir,
de não parar,
de não estagnar,
de não ser mais uma sombra que se arrasta na multidão...
Sei-lhe os sonhos,
aqueles pelos quais não vai deixar nunca de lutar...
Sei-lhe o amor que sente,
amor consagrado,
puro... verdadeiro...

Amiga, amante,
Filha e (quem sabe um dia!!!) mãe,
Palhaça, acrobata, malabarista...
Ela é assim - diversa, interessante e linda,
como eu lhe adivinhei, no primeiro dia,
atrás do azul imenso dos seus olhos.