Show must go on...

Aqui vai um texto inserido no desafio proposto pela Daniela no blog Meia Laranja Inteira.
O desafio consiste em criar uma história que começa num blogger que não a termina, passando a determinado momento, a sequência do texto a outro blogger (previamente contactado e anuído ao desafio), através de um link. Chegou a minha vez!
A minha parte vem no seguimento do que escreveu o Wolf e podem lê-lo aqui.
Se quiserem ler do princípio (o que convém, se não conhecem a história do início!), comecem aqui.


E de repente...
-Menina? Menina? Sente-se bem?
Tinha deixado a cair a chávena quando o vi atravessar a porta.
E na minha cabeça surgiram mil imagens: um casamento por acontecer, uma noiva num cabeleireiro, um noivo acometido pelo pecado da traição, uma sogra ninfomaníaca, um clube de futebol de nome e fama duvidoso, eu, nua, naquele mesmo café de beira da estrada... tudo num turbilhão alucinante de ideias que me estupidificou, emudeceu e paralisou, com o pires e a torrada na mão, a chávena em pedaços no chão, e o olhar preso nele.
Ele, que não via há anos. Ou há uma vida inteira.
- Sim... - balbuciei, - estou bem, obrigada... Desculpe a confusão...
- Deixe estar, eu limpo e já lhe trago outra meia de leite.
Ele nem me viu.
Entrou, pediu um café, sentou-se numa mesa. Lia o jornal e fumava um cigarro. As espirais de fumo que libertava a sua mão direita fizeram-me recordar os tempos em que, depois do amor, ficávamos abraçados e eu imaginava castelos nas espirais de fumo nos nossos cigarros... Não tive coragem para me acercar dele, para lhe falar.
Sentei-me numa mesa afastada e continuava, hipnotizada, a olhá-lo.
As mesmas ondas crespas de cabelo, que tantas vezes puxei, no calor da paixão... Os mesmos braços fortes que tantas vezes me envolveram... As mesmas mãos que, umas vezes com força, outras vezes com candura, viajaram pelas dunas do meu corpo, e me fizeram ir à lua, às estrelas, aos confins de um mundo de secretos desejos... Os mesmos lábios grossos que beijei, mordi, suguei e dos quais bebi do mel da inocência, do sonho e do pecado... Os mesmos olhos de oceano em dias de tempestade... adivinhava-os profundos, com aquela ponta de loucura que tão bem lhe conhecia...
«Estou atrasada para o emprego...», pensei, mas como sair dali e deixá-lo, sem saber mais dele, como estava, onde vivia, se já tinha casado...?
Mas não podia, não podia querer saber!
Antes que o meu coração falasse mais rápido que a razão, levantei-me, fui pagar, voltei-me para sair...

- Olá! Tu por aqui?
Tarde demais.
- Oi... sim! Isso pergunto eu!
- É engraçado encontrar-te aqui. Até porque vim a negócios a Lisboa e pensava ligar-te. Queria ver-te... e fazer-te uma proposta.
- Uma proposta? Ah...

To be continued at B612

Bloggers que ainda faltam: Mónica (a quem passo a bola), Carlos e Zé Ceitil (que já escreveu mas fora de vez!)

Boa semana para todos!!!