Quem sou eu afinal?
Há momentos da vida em que reflectimos sobre nós próprios.
Sabemos mais ou menos a imagem que os outros têm de nós, mas muitas vezes não sabemos muito bem definir aquilo que somos.
E quem sou eu, para mim?
Gosto de ler. Se me perguntarem por um autor favorito, eu não vou saber dizer.
Mas sei o que não gosto.
Gosto de música. Se me pedirem para indicar um género musical favorito, eu não vou saber dizer.
Mas sei do que não gosto.
Gosto de cinema. Se me perguntarem qual é o meu realizador ou género favorito, eu não vou conseguir indicar.
Mas sei o que não gosto.
Gosto de me relacionar com as pessoas. Que tipo de pessoas? Não sei… mas sei com quem não me quero relacionar!
Sou uma mulher simples.
Não me perguntem detalhes sobre o conflito israelo-árabe, nem pelas motivações que levaram aos conflitos no Darfur, nem sequer me peçam para explicar como é que as tropas norte-americanas foram parar ao Afeganistão… Eu não sei mais do que o superficial!
Não me perguntem qual das capitais europeias tem mais encanto, qual o nome do 3º álbum dos Cure, quais os filmes mais emblemáticos de Kusturica, qual é o meu livro favorito de Milan Kundera, qual o movimento musical alternativo mais em voga!...
Eu não vou conseguir responder!
E será que isto faz de mim uma pessoa mais ou menos culta, mais ou menos interessante?
Não sei… mas desconfio que estou perto de uma resposta surpreendente, e é por isso que digo que nunca nos conhecemos completamente e que a nossa imagem reflectida no espelho nem sempre corresponde ao real.
Sou uma mulher simples.
Do povo, literalmente.
Filha de gente honesta, descendente de famílias de agricultores e pedreiros. Tenho muita família emigrada e tenho “terra” para ir por alturas festivas.
Há coisas que a gente da cidade grande considera “pimba”, tradicional, alternativo, raro ou até bizarro, que para mim são coisas simples que fazem parte da minha vida desde a origem até hoje.
Ir a uma tasca beber um copo de vinho traçado e comer um bom chouricinho assado com pão caseiro.
Ir à festa da Santa Terrinha e bailar ao som de música pimba, com prazer.
Caminhar por entre as árvores, colher a fruta e comê-la, sem a lavar.
Conversar com as vizinhas da minha rua sobre as doenças, o gato, o cão e o canário.
Oferecer auxílio a um estranho que tropeça em plena rua.
Beber nas fontes e sentir a brisa fria de Inverno congelar a boca ainda molhada…
Tomar café num cafezito banal, sem música ambiente e ouvir os amigos dizer palermices sobre bola...
Sou uma mulher simples. Talvez um pouco bimba, bastante ingénua... mas sou verdadeira.
Não me escondo, enfrento.
Mas a maior das qualidades que tenho acaba por ser o pior dos defeitos: acredito nas pessoas, confio nelas. Entrego-me tão completamente à amizade como me entrego ao amor. E sempre que me desiludo, magoo-me... Não aprendo! E choro tudo, sofro tudo, como se fosse a primeira vez...
Gostava de deixar de ser assim.
Preferia ser fria, calculista, esperta.
Mas como uma amiga me disse mesmo há pouco, as pessoas são como são... e eu sou como sou! Conversa parva, não?!? Pois... é que eu também sou assim.
No fundo, sou uma mulher simples, com sonhos e ambições simples, com uma vida simples que tenta ser feliz...
never cared for games they play
never cared for what they do
never cared for what they know
and I know (...)
Comentários
Beijinho
Nunca poderemos ou deveremos confundir simplicidade com ignorância.
Ser " da terrinha ", só perde valor se for encarado com a mesma presunção de quem é " da cidade ".
E não me parece o teu caso.
Mas o exemplo acima dado não serve para mais nada do que ele próprio.
Ou seja, sinceridade, frontalidade e humildade devem ser características humanas.
Pelo que tenho lido, gosto de ti assim.
Quem se entrega desse modo às pessoas e emoções, vive mais e mais intensamente.
A principal perda, não é tua.
É dos outros.
Kiss
Gostei muito deste teu texto. Genuíno em tudo!
http://www.ruipedro.net
Obrigada e um beijo grande.
não consigo dizer mais nada.
Beijo!
Tu tens a capacidade de te tornar fria, calculista e manipuladora. Basta criares reservas a ti própria, e à maneira como te entregas às coisas. É claro que isso também te refreia os prazeres.
Para mim, é melhor sem barreiras, e aguentar os embates! Vão sempre aparecendo alguns que não desiludem, e que fazem valer a pena.
Beijinhos!
Muitas das coisas que enumeras são-me familiares e sinto-me em relação a elas como tu te sentes.
um beijinho grande :)
um grande beijo na testa sobrinha querida
Mas Cati n gostas de mim o Nothing Else Matters "mata-me" só de ver a letra arrepiei-me.
Beijaço em ti e dez mil sorrisos por saber q há gente fantástica como tu!!
permite-me uma sugestão: passa este psot a outros, isto é q é desafio...retratar-mo-nos!!! Queria ver essa coragem :)
... entendo-te...
E, fizeste-me ainda recordar um texto do meu livro de leitura pr'aí da 2ª classe!!!
Vou ver se encontro!
:)
Beijinho
Resta-me convidar-te para tomares um copo comigo no meu Cadeirão.
Um beijihno grande e bom fim de semana sim querida =)
**
beijo e bom fds
Muitos Beijinhos
Farofia
Olá
Andei com o meu blog em evoluções e comprei um PC novo que só me tem dado problemas. Mas acho que agora está ok.
No blog da Paula do Entroncamento, estive a ver as vossas "macacadas"...A dos auscultadores está de partir o côco.
Dia 17 faço anos. É favor não esquecer.
Para que serve o mail? eheheheh...
Grande post. E eu sinto que foi feito com a cabeça e com o coração.
Sobre o post não há nada a crescentar, penso eu.
Quanto mais alto se sobe, se se cair, maior é o trambolhão.
E faço minhas as palavras da farófia:
"As pessoas sensiveis tem esse problema chega a uma altura em que desejavam ser frias e calculista pk se magoam mt.. Mas acredita k é melhor seres assim, vives mais as coisas, és mais feliz e acima de tudo és TU PROPRIA!!!"
Beijokas amigas**
(Uma força à Sofia.ok?)
Aparece para veres o post de ontem.