O Urso Maomé
Era uma vez um ursinho, chamado Maomé...
Assim poderia começar uma bela história infantil. Mas não.
Assim começa uma história de horror que está a ser vivida no Sudão e tem como principal protagonista uma professora inglesa, Gillian Gibbons, de 54 anos.
E porquê?
Consta que a professora, que lecciona numa escola privada inglesa em Cartum, a capital do Sudão, levou o peluche de um ursinho para a aula e pediu aos seus alunos de 7 anos para escolherem um nome para a mascote... Sendo que a comunidade envolvente é de maioria islâmica, o nome escolhido pelas crianças foi Muhammad (Maomé em português), um nome muito comum na comunidade. Até aqui, nada demais... aparentemente.
A professora foi denunciada por pais indignados. Foi presa. E mais - ao abrigo da lei islâmica, incorre na pena de 40 chicotadas na praça pública ou seis meses de prisão.
Para mim isto é chocante...
Gostaria de realçar que o nome foi escolhido pelas crianças... estas provavelmente acharam que estariam a homenagear Maomé e a professora, ocidental que é, entendeu o mesmo!
Devemos respeitar as crenças e a cultura dos outros, é certo. Mas não me parece legítimo levar esta mulher a ser chicoteada em praça pública, ou sequer encarcerada por um dia que seja, por ter permitido que as crianças dessem um "nome venerado" a um peluche que nada tem de ofensivo. Eu sei que se deve seguir o velho ditado de "em Roma sê Romano"... mas sinceramente sou contra a violência e a maneira como rapidamente se passa de uma questão de defesa de ideais para uma questão de vingança...
Diz-se que este caso já está a provocar tensão nas já difíceis relações diplomáticas entre Reino Unido e Sudão... pudera! Espero que consigam salvar a professora que, a meu ver, nada fez de mal senão fazer a vontade às crianças.
(E não deixa de ser irónico constatar que os paizinhos islâmicos são iguaizinhos a certos pais portugueses que eu conheço... embora os islâmicos sejam mais radicais, diga-se de passagem!!! Chiça, não me estou a ver a ir presa porque não deixei uma criancinha ir à casa de banho ou porque aprovei que chamassem Jesus a uma mascote... mas já não deve faltar muito - pelo andar da carruagem...)
Mas adiante, que não é de Portugal que quero falar.
Quero falar dessas pessoas que, originárias de países espalhados por esse mundo fora, emigram e trabalham em países sub-desenvolvidos ou com dificuldades causadas pela guerra, pela fome, pelas catástrofes mundiais...
São médicos, enfermeiros, professores, militares, empresários, missionários... muitos deles vão por amor à Humanidade, outros vão porque entendem que têm o dever de ajudar, outros vão apenas por dinheiro... Por dinheiro ou não, a verdade é que estas pessoas vão para sítios pouco apetecíveis desempenhar tarefas em condições muito difíceis... Fazem aquilo que eu, por exemplo, era incapaz de fazer - e chamem-me egoísta, que eu não me importo - sair da minha casa, do meu conforto conquistado, da minha vida que tem de complicada o que também tem de simples, deixar a minha família, os meus amigos...
E é por isto que admiro estas pessoas e condeno os governantes/ líderes políticos/ líderes religiosos e afins quando deixam que estas pessoas sejam mal tratadas, raptadas, assassinadas, violadas, presas injustamente... E o mais horrível é serem criminosos em nome de Deus, de Jesus, de Alá, de Buda, de Jeová ou de Maomé. Eu tenho conhecimento relativo das escrituras cristãs e muito superficial da lei islâmica - mas recuso-me a acreditar que em alguma religião se faça o apelo à guerra, ao crime, à incompreensão, à injustiça.
Aquilo que eu acho - e desconfio que não ando longe da verdade - é que os homens manipulam as escrituras a seu belo prazer... e depois lá andam os deuses e os santos e os apóstolos e os mártires a mando dos interesses económicos, políticos, territoriais, petrolíferos, ditatoriais...
E é por estas e por outras que não se pode chamar Maomé a um peluche...
Era uma vez um ursinho chamado Maomé.
Maomé não podia ser Maomé.
A culpa foi da professora.
Chicoteie-se.
Arquive-se.
Assim poderia começar uma bela história infantil. Mas não.
Assim começa uma história de horror que está a ser vivida no Sudão e tem como principal protagonista uma professora inglesa, Gillian Gibbons, de 54 anos.
E porquê?
Consta que a professora, que lecciona numa escola privada inglesa em Cartum, a capital do Sudão, levou o peluche de um ursinho para a aula e pediu aos seus alunos de 7 anos para escolherem um nome para a mascote... Sendo que a comunidade envolvente é de maioria islâmica, o nome escolhido pelas crianças foi Muhammad (Maomé em português), um nome muito comum na comunidade. Até aqui, nada demais... aparentemente.
A professora foi denunciada por pais indignados. Foi presa. E mais - ao abrigo da lei islâmica, incorre na pena de 40 chicotadas na praça pública ou seis meses de prisão.
Para mim isto é chocante...
Gostaria de realçar que o nome foi escolhido pelas crianças... estas provavelmente acharam que estariam a homenagear Maomé e a professora, ocidental que é, entendeu o mesmo!
Devemos respeitar as crenças e a cultura dos outros, é certo. Mas não me parece legítimo levar esta mulher a ser chicoteada em praça pública, ou sequer encarcerada por um dia que seja, por ter permitido que as crianças dessem um "nome venerado" a um peluche que nada tem de ofensivo. Eu sei que se deve seguir o velho ditado de "em Roma sê Romano"... mas sinceramente sou contra a violência e a maneira como rapidamente se passa de uma questão de defesa de ideais para uma questão de vingança...
Diz-se que este caso já está a provocar tensão nas já difíceis relações diplomáticas entre Reino Unido e Sudão... pudera! Espero que consigam salvar a professora que, a meu ver, nada fez de mal senão fazer a vontade às crianças.
(E não deixa de ser irónico constatar que os paizinhos islâmicos são iguaizinhos a certos pais portugueses que eu conheço... embora os islâmicos sejam mais radicais, diga-se de passagem!!! Chiça, não me estou a ver a ir presa porque não deixei uma criancinha ir à casa de banho ou porque aprovei que chamassem Jesus a uma mascote... mas já não deve faltar muito - pelo andar da carruagem...)
Mas adiante, que não é de Portugal que quero falar.
Quero falar dessas pessoas que, originárias de países espalhados por esse mundo fora, emigram e trabalham em países sub-desenvolvidos ou com dificuldades causadas pela guerra, pela fome, pelas catástrofes mundiais...
São médicos, enfermeiros, professores, militares, empresários, missionários... muitos deles vão por amor à Humanidade, outros vão porque entendem que têm o dever de ajudar, outros vão apenas por dinheiro... Por dinheiro ou não, a verdade é que estas pessoas vão para sítios pouco apetecíveis desempenhar tarefas em condições muito difíceis... Fazem aquilo que eu, por exemplo, era incapaz de fazer - e chamem-me egoísta, que eu não me importo - sair da minha casa, do meu conforto conquistado, da minha vida que tem de complicada o que também tem de simples, deixar a minha família, os meus amigos...
E é por isto que admiro estas pessoas e condeno os governantes/ líderes políticos/ líderes religiosos e afins quando deixam que estas pessoas sejam mal tratadas, raptadas, assassinadas, violadas, presas injustamente... E o mais horrível é serem criminosos em nome de Deus, de Jesus, de Alá, de Buda, de Jeová ou de Maomé. Eu tenho conhecimento relativo das escrituras cristãs e muito superficial da lei islâmica - mas recuso-me a acreditar que em alguma religião se faça o apelo à guerra, ao crime, à incompreensão, à injustiça.
Aquilo que eu acho - e desconfio que não ando longe da verdade - é que os homens manipulam as escrituras a seu belo prazer... e depois lá andam os deuses e os santos e os apóstolos e os mártires a mando dos interesses económicos, políticos, territoriais, petrolíferos, ditatoriais...
E é por estas e por outras que não se pode chamar Maomé a um peluche...
Era uma vez um ursinho chamado Maomé.
Maomé não podia ser Maomé.
A culpa foi da professora.
Chicoteie-se.
Arquive-se.
Comentários
beijo
Oi
Deves estar a preparar-te para ir dormir, ou já o estás a fazer, porque amanhã é dia de aulas... veremos.
O teu post é tão bem elaborado, que não vou adiantar mais nada a não ser que o subscrevo na totalidade.
Este mundo é uma cambada de ranhosos... só olham para o umbigo deles.Porra para as políticas, para os Srs. do poder, olha, mandem a professora embora e deixem-se de merdas. Antiquados!?..
2 beijocas amigas
Bye, for tonight
Este país, que repito, não é mais desenvolvido, deixa pedófilos à solta, maltrata quem trabalha e paga os seus impostos, nos chula por uma consulta e... enfim, nos faz sentir injustiçados também! Para além do mais, a senhora já tem a sentença lida: mais uma ou duas semanas presa e depois é transportada para a Grã-Bretanha, donde tão depressa, não deverá querer voltar a sair!
Ficou bem comentadinho?! Big kiss and see u tomorrow! (",)
Nem na Idade Média... Ou será que regressámos às fogueiras e à Inquisição??? Parece que sim...
Prabéns, mais uma vez, por uma crónica tão sentida e envolvente.
Pergunto apenas: será que as crianças também vão ser punidas? É que não faltava mais nada!!!
Beijinho à Cati
É claro que a empresa disponibilizou tudo isto...
Também me parece estúpido, mas temos de nos adequar à realidade em que vivemos.
Beijinhos.
Joseph: subscrevo!!! Se não gostam mandem embora, não é preciso bater... dasse!!! Beijoca!!!
Shooting: pois... às vezes apetece tapar os ouvidos!
Beijo grande!!!
Na verdade os castigos corporais, penas de morte e afins não deviam existir... em parte alguma do mundo. Mas vivemos num mundo injusto, é certo...
Beijo enorme, obrigada por teu comentário!!! Gostei!
Beijocas grandes e... obrigada pela leitura, já sabe que dou muito valor às suas opiniões e fico muito feliz quando comenta!
Htsousa: concordo! Aliás, como eu digo na crónica, "em Roma, sê Romano". Dou muito valor a essas instituições que se preocupam em dar o background cultural, assim como valorizo as pessoas que o fazem por sua conta... o que está em questão, no meu ver, é a brutalidade do castigo, tendo em conta que a professora se limitou a aceitar uma sugestão dada pelos alunos, nascidos e criados no seio do Islão...
Enfim, obrigada pela visita e pelo comentário... Volte SEMPRE!!! Beijinho
Chicotear uma pessoa em pleno Século XXI não me parece nada bem... mas a ser permitido, chicoteie-se toda a bandidagem!!!
Apesar de ser ateu, tenho um profundo respeito por todas as crenças e algum conhecimento sobre todas elas, no entanto, começo hoje a olhar o Islão de forma desconfiada e preocupada, pois julgo que já não estamos a falar de uma religião, mas de ódios acumulados, de algo que vai muito para além do sagrado.
O que se está a passar no Sudão, um dos países mais fundamentalistas do planeta, é totalmente inaceitável e deverá fazer repensar o Ocidente, a forma como nos relacionamos com este tipo de gente!
Aquele abraço infernal!
Estás à vontade para baixar ao calão - às vezes é a única maneira de nos fazermos entender - mas sem nunca perder o charme!!!
Um beijo endiabrado... obrigada!
Beijos
Beijinhos! E bom fim-de-semana!
Tenho muita pouca paciência para fundamentalistas sejam politicos ,religiosos.faz-me confusão tamanha cegueira e intolerãncia religiosa.
JOY
TOLERANCIA. é apenas disto que se trata ou não...e DESCONHECIMENTO.
E eu digo que se pode, perfeitamente fazer algo, todos os dias a cada passo, a cada decisão. Não vamos salvar a professora em questão do castigo que lhe destinarem, mas se por uma vez alguem se vir perdoado do castigo, não pensará duas antes de ser ele a castigar?
Não sei, se calhar ainda é muito cedo, e deite-me tarde, mas nós podemos fazer. Não vou salvar a Sra que está no fim do mundo, mas posso travar injustiças iguais à soleira da minha porta. Mas não posso evitar chicotadas em praça publica a uma professora....portanto, que importa?
Não se faz nada.....
AH!
Beijo Cati. Beijo Tuga. Beijo a todos e bom fim-de-semana.
Bom fim-de-semana.
Já tinha saudades tuas por aqui... até pensei que andasses zangado com o mundo louco... Beijo!
Professorinha: digo isso tantas vezes!!! Guerra santa é um conceito incompreensível... Beijo enorme, FORÇA!
Joy: a mim também faz confusão... por isso escrevi este texto! Beijinho, bom fim de semana!
Um beijo bem miado para ti...
Tugafixe: É claro que percebi... é fácil perder a fé no mundo! Quantas vezes não a perco para depois ter de a encontrar? Os que se julgam donos do mundo fazem e desfazem a seu belo prazer... mas temos de fazer algo, sempre, por pouco que seja. Eu acho que, por exemplo, falar sobre estas coisas, já é um grande passo para um mundo melhor porque reflectimos sobre ele e sobre o que nele se passa...
Um enorme beijo... quero-te cá mais vezes!
A tolerância está a tornar-se um luxo civilizacional dentro da esfera do poder, mas também fora dela. Apesar dos avanços tecnológicos indicarem o caminho de um mundo melhor, os recuos idiotas e fundamentalistas à mão dos tiranetes, e dos aspirantes, não auguram nada de bom. Mesmo assim..., é melhor viver na Europa!
Subscrevo o texto, na integra.
P.S. - Quanto ao livro, obrigado pelo apoio.
Beijinhos
http://quintaldotuga.blogspot.com/
BJS